Tendo praticamente terminadas as Unidades 1 (Sociedade e Educação Digital e em Rede) e 2 (Ecologias e Ambientes Virtuais de Aprendizagem) da Pós Graduação Educação Digital e em Rede (Universidade Aberta), acho importante fazer uma reflexão geral sobre as temáticas abordadas, fazendo uma contra-análise, abordando vantagens mas também desvantagens do ensino com o recurso ao digital.
Como é sabido, o Plano de Ação para a Educação Digital, uma iniciativa da União Europeia, defende o ensino com recurso ao digital e, de forma sólida, perspetiva o futuro, enquadrando esses recursos digitais como úteis e mesmo preponderantes para uma melhor educação.
No vídeo seguinte, o professor J. António Moreira também defende a importância do digital, abordando esse surgimento aquando da pandemia, e no paradigma assente no desenvolvimento da educação digital, o quão necessário foram os recursos digitais para manter o ensino assente e a decorrer numa altura crítica onde uma grande parte da sociedade parou:
No vídeo, disponível no Youtube, o professor e autor responde à questão "O que significa hoje falar em realidade hiperconectada e educação onlife?", perspetivando um futuro para a educação.
Em suma, são inúmeras as vantagens do recurso ao digital, e este novo paradigma “onlife” que emerge parece ser inevitável e o caminho certo a percorrer rumo a um ensino de melhor qualidade e que chegue a todos de uma forma justa.
No livro "REIMAGINAR NOSSOS FUTUROS JUNTOS — Um novo contrato social para a educação", publicado em 2022 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, é feita uma análise extremamente completa dos desafios que vão emergir e são lançadas várias conclusões que vão também de encontro ao ensino digital.
A professora Sara Dias-Trindade aborda de uma forma direta essas competências digitais, relatando a integração das plataformas virtuais na educação. No vídeo abaixo, a professora fala dos ecossistemas de inovação na educação e a importância das competências digitais:
As tecnologias de assistência à aprendizagem podem ser smartphones, smartboards, tablets, portáteis e muitos mais dispositivos que vão trabalhar com inúmeros softwares e aplicações dedicadas à educação. Muitas delas foram utilizadas nesta Pós-Graduação com sucesso como o Ted Ed, o VideoAnt, o Zoom Colibri, não esquecendo a nossa plataforma de sessões assíncronas (o Moodle). Mas claro, há muitas outras aplicações e recursos digitais com os quais podemos trabalhar, e a professora Sara Dias-Trindade fala-nos sobre estes recursos no vídeo abaixo:
Essa enorme diversidade de recursos por um lado permite-nos escolher o método indicado para o processo de ensino-aprendizagem mas também pode levar a alguma confusão na própria capacidade de utilização, quer por parte do professor ou do aluno, daí falarmos sobre a questão da literacia digital.
Por outro lado, existe ainda muita resistência no que toca à utilização de dispositivos digitais, a software ou aplicações digitais para educação. Essa resistência é por vezes de professores, alunos e mesmo de encarregados de educação. Como um exemplo muito direto posso salientar as petições públicas que apelam ao regresso à utilização dos manuais em papel.
Como tive a oportunidade de escrever neste post (Resumo e Conclusões pessoais sobre o Tema 2 - Inovação em Educação Digital e em Rede da Unidade 1 - Sociedade e Educação e em Rede), compreendo que o digital não é tudo - o desafio está no equilíbrio que se deve criar. Nem tão pouco considero que o próprio ensino analógico deva ficar estagnado enquanto o digital evolui. Mas se estamos num ponto chave da transição para um ensino “onlife”, estas barreiras vão surgir precisamente no momento em que ainda não estamos onde queremos. O argumento da Suécia, que recuou com os manuais digitais, após resultados menos bons nos testes PISA creio ser um exemplo destas reticências e questões que são legítimas.
Não obstante, com mais ou menos retrocessos, o caminho para uma nova educação está a ser percorrido e parece-me que uma estagnação de educação sem recorrer às tecnologias emergentes seria um erro. O conceito do paradigma onlife é na minha opinião ambicioso, mas terá de ser uma realidade sob pena da educação ficar parada no tempo.
Referências bibliográficas:
- Dias-Trindade S., Ota M. A. e Gomes E. da Silva (2022). Competências digitais: perspectivas para inov@r os espaços de aprendizagem in Berg J., Vestena C. L. B. e Costa-Lobo C. (Org.), Criatividade, educação e inovação social. Série Tecido em Criatividade, Volume 4. São Paulo: Pimenta Cultural, 2022.
- Haleem, A., Javaid, M., Qadri, M. A., & Suman, R. (2022). Understanding the Role of Digital Technologies in education: a Review. Sustainable Operations and Computers, 275–285. Sciencedirect. https://doi.org/10.1016/j.susoc.2022.05.004
- Moreira, J. A., & Schlemmer, E. (2020). Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG, 20.
- Schlemmer, E., & Moreira, J. A. (2020). Ampliando Conceitos para o Paradigma de Educação Digital Onlife. Interações, 55, 103–122.
No dia 7/4/2024 iniciamos o debate relativo ao Tema 2 (Inovação em Educação Digital e em Rede) da Unidade 1 (Sociedade e Educação Digital e em Rede). O professor J. António Moreira disponibilizou um vídeo em que aborda a era híbrida, na plataforma VideoAnt que foi amplamente comentado e debatido pelos colegas:
Era Híbrida, Educação Disruptiva e Ambientes de Aprendizagem (J. António Moreira)
No vídeo, o professor Moreira fala-nos do hibridismo que é o novo conceito onde as ferramentas analógicas vão dialogar com as digitais, fazendo-se assim a transição para o paradigma onlife. O professor fala da questão do tempo de educação pois com todos os meios digitais, esta intemporalidade de aprender, é também um novo conceito neste novo paradigma, como são os exemplos das salas virtuais assíncronas. Como diz o professor, "desde que haja uma ligação online há uma aprendizagem que ocorre em todo o tempo".
Há que salientar, de acordo com a bibliografia disponibilizada para este tema, o Plano de Ação para a Educação Digital:
Este Plano consiste numa iniciativa da União Europeia que nos começa por relatar que a pandemia de Covid-19 veio mostrar uma necessidade, mais do que dar um impulso, para uma modernização e integração do ensino híbrido, conjugando o ensino presencial com o digital. Abriu-se assim a necessidade de reforçar a transformação digital necessária para essa mudança. Contudo, de acordo com os estudos efetuados sobre a capacidade para lidar com o digital mostraram muitas limitações, sejam limitações dos intervenientes (professores e alunos) que não possuem, de uma forma abrangente, formação e apetências digitais para lidar com este novo paradigma, sejam limitações de recursos digitais. Assim, foram definidas duas prioridades. A prioridade 1 fala numa “promoção de desenvolvimento de um ecossistema de educação digital altamente eficaz”, com as suas 6 ações. A prioridade 2 aborda o reforço das “aptidões e competências digitais para a transformação digital” que a Comissão Europeia deverá fazer para alcançar este objetivo. Neste plano existem 3 parâmetros de qualidade pressupostos para a educação: qualidade, inclusão e acessibilidade para todos. Portanto, é mais uma iniciativa de abordagem à nova era digital que se pretende, com os seus desafios e questões.
Em continuidade do Tema 2 (Inovação em Educação Digital e em Rede), o artigo “Una mirada diferente para la Educación Híbrida” fala-nos da maneira como se deve dar um sentido a estes novos paradigmas da educação. Nos comentários do Videoant referi que o artigo defende que a presencialidade e a virtualidade se devem ligar de uma forma tão fluida que vão seguir em direções que se aproximam cada vez mais e podem assim coexistir de uma forma natural (Sangrà, pp. 122). O digital é introduzido e assoma-se, de acordo com as tecnologias e as tendências emergentes, de uma forma convergente ao mundo presencial.
No artigo são assim recomendadas quatro ações que podem ajudar a desenhar um modelo híbrido com uma perspetiva diferente, abordando os dois conceitos de educação presencial e digital, potencializando ao máximo um ensino de qualidade:
Um concepção baseada numa nova perspetiva (online),
Uma nova abordagem à gestão do tempo,
Um aumento da capacidade de autonomia do estudante,
O desenvolvimento de um sistema de avaliação contínuo, formativo e diversificado.
Em jeito de uma conclusão pessoal, o Tema 2 da Unidade 1, veio consolidar os conceitos de educação híbrida, educação digital, ecossistemas digitais em rede e claro o paradigma Onlife. Claro que quanto mais aprendo sobre estes conceitos mais questões levanto. Se até há pouco tempo nem conhecia o conceito de “Onlife”, estou agora mais “ligado” à perspetiva de uma educação hiperconectada em rede, onde os ecossistemas da educação vão muito mais além dos ecossistemas construídos e podem também ser espaços naturais e virtuais. Vejo uma forma de valorização da biosfera como um espaço de aprendizagem, olhando também aos recursos limitados do planeta e entendo que o acesso ao digital, se bem incorporado, pode ajudar no problema das alterações climáticas, ou pelo menos atenuar essa questão.
Há também a questão da formação: não só a formação dos alunos, que agora têm uma oportunidade melhor para a educação ao longo da vida, mas também a formação de professores, um elemento-chave no desenvolvimento deste paradigma. Essa formação começa por uma mudança de mentalidade do professor, e olhando ao meu redor, entendo que não será fácil fazer essa transição para o digital de um dia para o outro. É certo que já existem imensos recursos digitais ao dispor da educação, agora, a mentalidade e a inovação de como eles podem ser usados é que é a questão, na minha ótica, crucial - entender também que esse processo pode agora ser gerido num espaço temporal diferente do que estávamos habituados. Particularmente, nesta Pós-Graduação, pude experimentar esse conceito de tempo assíncrono - um tempo variável de aluno para aluno, em horas do dia diferentes, mas em que juntos se conseguiram debater ideias de uma forma extremamente útil e profícua. Essa conexão que se estabeleceu é exemplo da promoção de relações e conexões e de um trabalho colaborativo, que pode ser entre alunos e entre professores.
Outra questão que me afogueou a mente foi a questão dos atores não humanos. O professor J. António Moreira, na última sessão síncrona referiu mesmo a aceitação desses elementos como o ChatGPT para a inclusão de ideias, desde que corretamente referenciadas. Esta utilização prática da Inteligência Artificial é um não negar da própria evolução tecnológica e coloca essa essência da IA ao dispor da educação, lado a lado.
Com tudo isto compreendo que o digital não é tudo - o desafio está no equilíbrio que se deve criar entre o digital e o analógico, e entender que um aluno ou um grupo de alunos podem ter uma predisposição diferente para aprendizagens diferentes. Nem tão pouco considero que o próprio ensino analógico deva ficar estagnado enquanto o digital evolui. Por fim, concluo também que essa nova realidade de ensino que está a emergir deve servir para os dois lados, quer para o analógico, quer para o digital.
Referências Bibliográficas:
Sangrà, A. (2022). Una mirada diferente para la Educación Híbrida. Video Journal of Social and Human Research, 1(2), 117-125
MOREIRA, A., HENRIQUES, S., BARROS, D., GOULÃO, M.F., CAEIRO, D. (2020), Educação digital em rede: princípios para o design pedagógico em tempos de pandemia, Lisboa
Schlemmer, E., & Moreira, J. A. M. (2020). Ampliando Conceitos para o Paradigma de Educação Digital OnLIFE. Revista Interacções, 16(55), 103–122. https://doi.org/10.25755/int.21039
MOREIRA, J. A. .; SCHLEMMER, E. Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife. Revista UFG, Goiânia, v. 20, n. 26, 2020. DOI: 10.5216/revufg.v20.63438. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/63438. Acesso em: 14 mar. 2024.
UNESCO (2022). Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação. International Commission on the Futures of Education. ISBN 978-65-86603-23-1.
O conceito de educação Onlife era novo para mim até então. Se calhar, de uma forma inconsciente já havia pensado na educação por alguns destes prismas mas nunca tinha refletido de uma forma tão abrangente e prática. Como tive a oportunidade de escrever na Sala Virtual Assíncrona no âmbito da Pós Graduação em Educação Digital e em Rede na Unidade 1 - Sociedade e Educação Digital e em Rede, no documento "Por um novo conceito e paradigma de educação digital onlife", de José António Moreira e Eliane Schlemmer (https://doi.org/10.5216/revufg.v20.63438), há uma abordagem do fim da distinção entre o online e o offline, resultante de uma realidade hiperconectada, aparecendo assim o conceito de que estamos a falar, que abrange o mundo biológico e o físico. Na minha opinião, e ainda para mais como professor de informática, faz todo o sentido essa hiperconectividade, pois uma educação baseada somente numa componente clássica nem sequer acompanha o potencial de todos os recursos inovadores que continuam a aparecer nem segue o novo paradigma da educação. Não anulando nem rompendo com o passado, pelo contrário, absorvendo décadas de conhecimento e pedagogias ditas físicas, é preciso perceber que esta nova oportunidade deve surgir de uma forma sustentada e integrativa - o tal conceito de dimensão híbrida, que alia assim o passado com o futuro. Ignorar o potencial das tecnologias na educação é descurar daquilo que neste momento é pilar na nossa sociedade rumo ao futuro. Já vimos a adaptação digital que foi feita aquando da pandemia da Covid-19 e agora estamos perante este novo paradigma que vem trazer um conhecimento que flui com mais recursos, e abre as portas para esta nova ecologia, e nos faz perguntar como poderão ser estes diferentes espaços integrativos e como pode assim a educação evoluir de uma forma sustentada, inclusiva e equilibrada para todos.
Após uma discussão aberta e muito interessante sobre este paradigma Onlife, na Sala Virtual Assíncrona, através das opiniões e pesquisas dos meus colegas e do professor José António Moreira e das minhas próprias pesquisas e leituras, concluo que este paradigma procura uma flexibilidade que creio que não existia até então na educação, pelo menos nos seus parâmetros convencionais. Estes parâmetros convencionais educacionais tinham e têm, por exemplo, por suposto um mecanismo de avaliação tradicional que avaliava um aluno de uma determinada maneira. E questiono: a avaliação do conhecimento não é ou não pode vir a ser tendenciosa de uma maneira que vai avaliar exatamente o que o elemento de avaliação vai procurar avaliar? E essa avaliação consegue perceber se o avaliando possui conhecimento sobre a matéria ou vai apenas incidir numa parcela que até pode estar por si só influenciada pelo próprio elemento avaliativo? Se faço estas perguntas é no sentido de me antecipar às potenciais críticas a este conceito que estamos a estudar.
A flexibilização da educação Onlife vem partir do princípio de uma dinâmica numa variedade de ambientes online e offline, inerentes ao aluno, sendo que o mesmo por via de vários meios híbridos vai absorver um conhecimento abrangente.
Para finalizar, o paradigma da educação Onlife vem, na minha ótica, trazer uma nova versão à educação, revolucionando-a por completo. Essa revolução vai requerer muita adaptação de uma sociedade que já percebeu na altura da pandemia do Covid-19 que o digital é mais do que uma valia, é uma certeza de recursos apelativos, bem construídos (cada vez melhor atualizados e melhorados) e dinâmicos. Ainda assim, esta nova versão da educação traz imensos desafios que se caracterizam pela formação de docentes, uma adaptação curricular e uma flexibilidade e um entendimento das tecnologias e do seu potencial. Essa disrupção, que alia por assim dizer, o antigo com o novo e não criando barreiras entre eles, numa dimensão híbrida é a perspetiva de uma educação revolucionária, fresca e transfiguradora.
No capítulo 8, registam-se quatro prioridades importantes para se chegar a 2050 com uma melhor educação, no que diz respeito à pesquisa e inovação:
Direito à educação para todos, com uma investigação sobre o futuro da educação,
Inclusão de diversas fontes de conhecimento que podem oferecer uma visão compartilhada,
Necessidade de uma adequação à realidade social de cada contexto e lugar,
Todas as organizações devem fazer esta reformulação, dando responsabilidades aos governos e organizações internacionais.
No capítulo 9 é feita uma reflexão e pede-se um compromisso à educação pelo bem comum, numa construção de consensos e na busca por uma educação com propósitos partilhados, na qual a própria UNESCO se assume como agente responsabilizado, na sua capacidade de mobilização a nível mundial.
Em conclusão, Governos, sociedades, professores e todos os intervenientes têm o seu papel na importância de uma melhor educação e todos devem participar. Para isso é necessário diálogo, responsabilidade e a transformação da cultura educacional é da responsabilidade de todos.
“Mudaremos de rumo por meio de milhões de atos individuais e coletivos de coragem, liderança, resistência, criatividade e cuidado.”, pp. 154
Os professores devem trabalhar de forma colaborativa.
“Ao olhar para 2050, existem quatro princípios orientativos:
A interconectividade e as interdependências devem ser a base da pedagogia.
A cooperação e a colaboração devem ser ensinadas e praticadas de maneira apropriada em diferentes níveis e idades.
Solidariedade, compaixão, ética e empatia devem estar enraizadas na forma como aprendemos.
A avaliação deve estar alinhada a esses objetivos e ser significativa para o crescimento e a aprendizagem dos estudantes.”
É necessário priorizar uma políticas educacional bilíngue e multilíngue, desta forma serão apoiadas as identidades culturais dos estudantes e haverá a plena participação na sociedade. Essa educação multilíngue vai certamente gerar mais oportunidades.
As habilidades matemáticas e o numeramento terão de ser também tidos em conta com elevada importância.
A história e o estudo da sociedade vem também contribuir para um conhecimento coletivo onde a filosofia, literatura e artes fortalecem a educação às humanidades.
Domínios da investigação e da ciência trazem também uma enorme importância, num mundo com quantidades sem precedentes de informação não fidedigna. Urge pois que essa informação seja certa e haja uma alfabetização científica.
A alfabetização digital e o know how digital são fulcrais para participação nos ecossistemas digitais, quer seja de uma forma técnica ou de uma forma de análise das políticas digitais.
A educação em direitos humanos desenvolve a capacidade de ação cívica, social e política sustentada, ao ensinar as pessoas a refletir e analisar seu trabalho em conjunto dentro de uma estrutura comum.
Capítulo 5:
Há uma responsabilidade da parte dos professores, na própria seleção, formação desenvolvimento profissional contínuo da mesma maneira que a importância dos professores deve ser cada vez mais relevante e o reconhecimento do seu trabalho como algo primordial para a sociedade.
Capítulo 6:
As escolas deverão ser seguras, protegidas e inclusas. Ao mesmo tempo, as escolas devem ser transformadas com estruturas de apoio a pedagogias diversificadas. As tecnologias são um amparo mas não vem substituir as escolas, como se viu na altura da pandemia. Este contrato social para a educação tem a responsabilidade moral de atender aos novos desafios globais, e mesmo ter em conta as ameaças ao planeta. Assim, as escolas deverão ser mais ecológicas e inspiradas no bem com uma cultura de socialização das comunidades.
Capítulo 7:
Este capítulo é sobre a multiplicidade de espaços e oportunidades educacionais.
Existe o perigo de isolamento antidemocrático dos conhecimentos, pelo que há a necessidade de garantir que as decisões sobre as tecnologias digitais sejam do conhecimento de todos e de forma pública e aberta.
Inclusão social é uma das responsabilidades das escolas, que integram o direito à educação ao longo da vida. Fala-se assim de um “direito à conectividade” (pp. 115) e que engloba uma ampliação do direito à educação.
Deve ser dada grande importância a todos os ecossistemas do planeta. A educação deve visar três tipos de locais de aprendizagem: naturais, construídos e virtuais.
Este Projeto da Bibliotrónica Portuguesa oferece, de forma livre e gratuita, várias obras na língua portuguesa, com mais de 3000 livros eletrónicos em português. Pessoalmente, julgo ser uma mais valia para o ensino digital e é um Projeto recomendado pelo Plano Nacional de Leitura e pela Direção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas.
Clique no link abaixo para seguir para o site do Projeto:
Princípios fundamentais do novo contrato social para a educação:
O direito à educação ao longo da vida - um direito continuado e ampliado que abranja os direitos à informação, cultura e ciência.
Fortalecer a educação como um esforço público e um bem comum que garanta financiamento público e na qual toda a sociedade possa participar e opinar, de forma a que se maximize o pleno através das participações da comunidade.
Com o planeta em perigo e em mudança rápida, retrocessos a nível democráticos, alterações climáticas, ameaças de aumento de desemprego com o aparecimento da inteligência artificial, há esperança que as tecnologias digitais venham trazer grandes benefícios, e mais que isso, grandes mudanças positivas no seio da educação.
As alterações climáticas são um pilar a ter em consideração e vão influir nos próximos 30 anos, que serão derradeiros e preponderantes no que virá a seguir por muitos séculos. O aumento populacional e com ele a procura crescente de recursos do planeta e o aquecimento do mesmo trazem ameaças a toda a biosfera. Os efeitos da mudança climática terão repercussão na educação. Como? A falta de professores devido ao deslocamento é uma consequência de desastres naturais causados pelas mudanças climáticas.
Pesquisas mostram que o calor afeta de maneira negativa a aprendizagem e com o aquecimento do planeta, a maioria das escolas não consegue adaptar-se a isso. Projeções mostram que "até 2070, cerca de um terço da população mundial viverá em áreas consideradas inadequadas para humanos devido ao calor intenso."
E claro, as desigualdades na sociedade distribuem os recursos de uma forma injusta.
As tecnologias digitais foram extremamente úteis na era da COVID-19, apesar dos seus benefícios bem patentes, há o lado negativo, que trouxe mais exclusão, nomeadamente a grupos desprivilegiados.
É preciso, pois, criar um ambiente digital mais flexível a todos.
Os adultos podem aprender, e muito: cada vez mais há o conceito científico de neuroplasticidade. Cada vez mais o ser humano terá de se adaptar e aprender, e de uma forma mais rápida que nunca, ainda para mais com a ameaça da Inteligência Artificial que tenderá a roubar empregos, o que levará as pessoas a terem de se adaptar a novos desafios e a terem de mudar de ramo de uma forma abrupta.
Na página 32, os autores do documento referem:
“As tecnologias, os recursos e as plataformas digitais podem ser direcionados para apoiar os direitos humanos, melhorar as capacidades humanas e facilitar a ação coletiva para a paz, a justiça e a sustentabilidade.”
Há uma crescente polarização e ascensão de líderes populistas. Por seu turno, há cada vez mais uma mobilização cidadã e o ativismo, principalmente jovem.
O desemprego está a aumentar e também as disparidades de género, e também infelizmente a segregação.
Assim, a educação para a sociedade terá cada vez mais um papel crucial.
Os mercados de trabalho vão mudar. Enquanto alguns países enfrentam um enorme envelhecimento populacional, outros têm uma população jovem em rápida expansão.
Após a leitura destes capítulos, posso refletir sobre o tema da educação que tem sido debatido ao longo do tempo da evolução da nossa sociedade. Com o aparecimento das novas tecnologias, em que a Internet nos permitiu conectar em rede, surge assim uma nova oportunidade/necessidade de melhorar a educação de uma forma mais sustentada, justa e clara - embora com esta responsabilidade apareçam também ameaças, nomeadamente as fake news, a contra-informação e a própria exclusão digital.
A primeira parte do documento faz assim, uma análise global da nossa sociedade, dos perigos e dos novos desafios que aí vêm.
Mas há uma mensagem de esperança no que toca ao futuro da educação...